segunda-feira, 14 de junho de 2010

Professores também são alvo de bullying

Alunos se unem para agredir e constranger docentes pela internet


A professora de Educação Física Etiene Selbach Silveira, 42 anos, mal conhecia o Orkut quando foi apresentada ao site de relacionamentos, há cinco anos, da pior forma possível. Soube por amigas, entre uma aula e outra, que alunas haviam criado uma comunidade virtual recheada de comentários maldosos e humilhantes, intitulada “Eu odeio Etiene”. A frustração foi tanta que a educadora abandonou a profissão e decidiu nunca mais voltar a lecionar.

Etiene não tem dúvidas: foi vítima de cyberbullying, a prática repetitiva de agressões psicológicas via internet. Algo que acreditava acontecer apenas entre adolescentes e que, assim como o bullying, ganhou espaço na mídia como um problema estudantil.
– O que eu vivi, não desejo para ninguém. Sempre me dei bem com meus alunos. Foi um choque saber o que aquele grupinho estava fazendo – conta Etiene.

Na comunidade virtual, a ex-professora deparou com uma foto sua marcada com um xis de ponta a ponta. Leu xingamentos e críticas em relação à forma como se vestia, ao seu modo de agir e até ao seu corpo. Os textos eram escritos, segundo ela, por sete meninas. Todas eram suas alunas em um colégio particular da Capital, que ela prefere não revelar para evitar novos constrangimentos. As garotas, conforme Etiene, também a confrontavam e a desrespeitavam em aula, de forma acintosa.

Cerca de 25% dizem ter sofrido alguma agressão

Com cópias do conteúdo do site em mãos, a ex-educadora buscou ajuda no Sindicato dos Professores do Ensino Privado do Estado (Sinpro-RS). Foi orientada a registrar tudo em cartório. Feito isso, procurou a direção da escola e contou o que estava acontecendo. Exigiu providências.

– Depois de muita insistência, chamaram os pais de uma das meninas e falaram com ela. A comunidade foi fechada, mas eu não tive mais sossego. Dois meses depois, fui demitida sem nenhuma explicação – desabafa Etiene, que prefere também não revelar o conteúdo dos ataques.

O caso de Etiene, garante a diretora do Sinpro-RS, Cecília Farias, não é o único – pelo contrário. Toda semana, educadores procuram a entidade, onde foi criado o Núcleo de Apoio ao Professor Contra a Violência, relatando problemas do tipo. Uma pesquisa recentemente divulgada pelo órgão revelou que 23,5% dos professores de instituições particulares gaúchas dizem sofrer agressões via internet, sendo que 86% delas têm alunos como autores. Com medo de acabarem na rua, muitos evitam recorrer a diretores e coordenadores pedagógicos.

– O problema é que os alunos, muitas vezes, são vistos como clientes e acham que podem tudo – avalia a diretora sindical.

Entre os responsáveis pelo quadro negro na rede pública estadual, a situação parece se repetir. Conforme a presidente do Cpers/Sindicato, Rejane de Oliveira, 40% das licenças de saúde ocorrem por problemas psicológicos, muitas vezes provocados por ameaças e ofensas repetidamente causadas por alunos.
(matéria publicada em ZERO HORA - 14/06/2010)

sexta-feira, 28 de maio de 2010

“Filhote de Cruz credo”

História quase autobiográfica de Fabrício Carpinejar que conta sobre os tormentos de uma criança que sofria preconceitos dentro e fora da escola devido a sua aparência.


O espetáculo teatral infantil “Filhote de Cruz credo” é inspirado no livro de Fabrício Carpinejar, “FILHOTE DE CRUZ-CREDO: A TRISTE HISTORIA ALEGRE DE MEUS APELIDOS” , lançado em 2006 pela editora Girafinha.
Além do livro, Bob Bahlis adaptou outros textos de Fabrício, em que o poeta lembra da infância.

O espetáculo infantil “Filhote de cruz credo” mostra à prática do Bullying, dentro e fora da escola, e retrata a infância do escritor e poeta Fabrício Carpinejar.
Esta peça nos faz conhecer um pouco mais sobre o bullying, uma prática quase invisível aos olhos dos adultos, pois quando praticado pelas crianças é às escondidas.

Assim como no livro, a peça mostra a história quase autobiográfica de Fabrício Carpinejar e de tantas outras pessoas, que quando criança, tiveram vergonha de um apelido.

“Ser feio é quase uma profissão. Qualquer um recebe apelidos. O feio recebe uma porção deles. Poderia vir ao mundo sem nome que não sentiria falta. É um desperdício dar nome a um feio como eu. Não vai ser chamado desse jeito mesmo.”

Para evitar chacotas, Fabrício preferia ficar desenhando sozinho durante o recreio na sala de aula.
Essa implicância comum entre as crianças é narrada com humor, sem, no entanto maquiar a angústia que ela causa.

“Um dia, o chuveiro estragou, enfrentei o banho frio e o vidro do espelho não ficou embaçado. Tinha sete anos. Observei pela primeira vez, com calma, minha cara no espelho e tomei um susto: Vixe! Não vai dizer que esse sou eu!”
O ator Gutto Szuster vive Fabrício, personagem principal do espetáculo. No elenco, Laura Medina, Daniele Fogliatto, Marcelo Naz e Rafaela Cassol.

No final, o personagem consegue reagir de modo surpreendente e, sem precisar brigar com ninguém, consegue o respeito dos colegas além de namorar a menina mais bonita da escola.

“Alice Foi minha primeira namorada. Beijei seus lábios com gosto do Nescau que levava na térmica. Sua boca quente como o leite. Meus olhos verdes passearam de olhos dados com ela. Hoje me acho bonito do meu jeito, bem feio.”

É um espetáculo infantil com uma pitada de humor negro, combinado com uma estética dark. Os figurinos são de Rô Cortinhas.

Partindo da idéia que a infância às vezes pode ser muito triste, principalmente pra quem é perseguido por um colega, ou uma turma, o espetáculo traz uma atmosfera gótica, com imagens sombrias. No cenário, espelhos quebrados colados em três cubos e num quadro central. De tão feio, o menino quebrava os espelhos....

A peça aborda o “Bullying”, um termo inglês utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo, ou um grupo de indivíduos(a turminha lá da escola).
O objetivo? intimidar outro indivíduo ( O Fabrício), incapaz de se defender.
O bullying escolar na infância é uma prática observada em várias culturas.


“Na aula debochavam de mim, que o médico trocou o feto pela placenta. Eu não sabia o que era placenta e começava a rir. Hoje sei o que é placenta e começo a chorar:A placenta é um órgão da barriga da mãe que faz a criança se comunicar com ela e é jogado fora depois do parto. O feto é a criança. Afirmavam que eu era o lixo.”

No plano estético, tem-se a temática expressionista, fantástica, sobrenatural; fumaça; preto x branco / luz x sombra; surrealismo; terror cômico; humor irreverente; heróis problemáticos, estranhos e incompreendidos ...

Alunos da Escola Antônio Gomes entrevistam Marcio Souza

Autor da lei anti-bullying em Gravataí, o Vereador Marcio Souza recebeu em seu gabinete, na tarde de sexta-feira (28), os alunos Cassiano Germano Pereira e Bruno Pereira Saraiva, da Escola Estadual Antônio Gomes Corrêa, para conceder uma entrevista sobre a lei anti-bullying. Cassiano e Germano estarão realizando um trabalho sobre bullying e a entrevista fará parte da palestra que apresentarão no sábado (29), na escola.

O Vereador Marcio Souza falou sobre a importância da existência de políticas públicas específicas sobre o assunto e salientou que a lei é uma forma de garantir a aplicação de ações que visem à proteção de alunos e alunas da rede de ensino de nossa cidade.

Na entrevista, Marcio Souza citou como exemplo alguns projetos que eram desenvolvidos quando ele era Secretário de Educação. O Projeto Família que tinha como objetivo mapear e identificar alunos com dificuldades, acolher e envolver família e escola na solução dos possíveis problemas e os Jogos Cooperativos que não visavam à competição, mas que desenvolviam o senso de cooperação entre os alunos, sinalizando assim que para alcançar um objetivo em comum todos tem que trabalhar juntos.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Estado aprova lei antibullying

Assembléia cria uma legislação que tem como objetivo aumentar consciência de escolas, pais e alunos

O combate a uma chaga nas escolas ganhou ontem o aval dos deputados estaduais. Por unanimidade, a Assembleia Legislastiva aprovou projeto de lei que estabelece políticas públicas contra o bullying nas instituições gaúchas de Ensino Básico e de Educação Infantil, públicas ou privadas.

Casos trágicos como o do adolescente Matheus Avragov Dalvit, 15 anos, que em maio acabou morto em Porto Alegre com um tiro no peito depois de reagir às frequentes gozações das quais era alvo em razão de seu tamanho, dispararam o alerta para pais, educadores e autoridades.

A proposta aprovada ontem considera bullying “toda a violência física ou psicológica, intencional e repetitiva, que ocorra sem motivação evidente, praticada por indivíduos contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de intimidar, agredir fisicamente, isolar ou humilhar, causando dano emocional ou físico à vítima, em uma relação de desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas”.

Do ponto de vista prático, a lei não estabelece ações concretas para enfrentar a violência entre os estudantes, como punições aos alunos ou a escolas negligentes. Pelo contrário, a nova lei sugere evitar sanções aos alunos agressores, privilegiando mecanismos alternativos a fim de promover sua mudança de comportamento.

Instituições poderão adaptar a sua realidade

De acordo com o deputado Adroaldo Loureiro (PDT), autor do projeto, a intenção é alertar e estimular a adoção de medidas para combater o bullying.Entre as disposições, está a inclusão no regimento de cada instituição da política antibullying considerada mais adequada a sua realidade. O secretário estadual da Educação, Ervino Deon, saudou a aprovação do projeto, mas disse que a preocupação não é nova na rede pública. Segundo ele, há pelo menos três anos equipes da Saúde Escolar atuam para combater a violência.



O que prevê a lei
- Reduzir a prática de violência dentro e fora das instituições e melhorar o desempenho escolar
- Promover a cidadania, a capacidade empática e o respeito aos demais
- Disseminar conhecimento sobre o fenômeno entre os responsáveis legais pelas crianças e pelos adolescentes
- Identificar concretamente, em cada instituição, a incidência e a natureza das práticas de bullying
- Desenvolver planos locais para a prevenção e o combate às práticas de bullying nas instituições de ensino
- Treinar os docentes e as equipes pedagógicas para o diagnóstico do bullying e para o desenvolvimento de abordagens de caráter preventivo
- Orientar as vítimas de bullying e seus familiares, oferecendo-lhes os necessários apoios técnico e psicológico, de modo a garantir a recuperação da autoestima das vítimas e a minimização dos eventuais prejuízos em seu desenvolvimento escolar
- Orientar os agressores e seus familiares sobre os valores, as condições e as experiências relacionadas à prática do bullying, de modo a conscientizá-los a respeito das consequências
- Evitar tanto quanto possível a punição dos agressores, privilegiando mecanismos alternativos a fim de promover sua mudança de comportamento
O que é bullying
- É a perseguição continuada a um aluno, por um ou mais colegas, por meio de intimidação psicológica ou agressão física sem motivo. Não é uma briga ou discussão ocasional, mas uma violência sistemática.
Bully, em inglês, pode ser traduzido pelo termo valentão. Dele deriva a palavra bullying, que não tem uma tradução literal para o português.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Bullying não tem graça!

Sabe aquele seu colega que fica isolado no recreio? Ele pode estar precisando de ajuda!

Sabe aquele seu colega que fica isolado durante o intervalo das aulas ou nem sai pro recreio? Provavelmente, ele não é só uma pessoa antissocial. Entenda por que as vítimas de bullying se afastam do convívio dos demais alunos e os motivos que levam a galera a excluir, debochar e humilhar os colegas. Tá na hora de pensar duas vezes antes de “brincar” com o outro.

A equipe Kzuka entra num colégio e vai falar com uma turminha de alunos do 2º ano. São todos bonitinhos e arrumados. A repórter explica que vai escrever sobre bullying. Todos sabem o que é. Todos sabem quem comete. Todos sabem quem sofre.
– Pode falar com aquela guria de moletom branco. Todo mundo brinca com ela, faz piadinha. A gente já a deixou trancada do lado de fora da sala – comenta uma das meninas do grupo.

Sobre o motivo pelo qual fizeram isso, eles disseram, entre um risinho e outro, que “ela é esquisita”.

Mas o negócio também acontece entre o pessoal mais novo. O Kzuka ouviu três alunos da 8ª série – dois meninos e uma menina. Eles tiveram autocrítica e reconheceram os erros:
– A gente excluía e ofendia os alunos que chegavam. Quando um faz, o resto vai na onda. Quando você tá fazendo, não percebe, não acha errado, faz tudo de forma inconsciente – reconhece a garota.
Ela conta que os xingamentos podem ser os próprios defeitos que o autor não vê em si mesmo e projeta no colega.
– Sabemos que algumas pessoas vão lembrar disso a vida toda! Hoje, a gente vê que as pessoas eram legais, mas não dávamos oportunidade de conhecê-las antes – afirma.

A palavra bullying pode até ser nova, mas a prática sempre existiu, principalmente no ambiente escolar. O termo é utilizado para descrever atos de agressão física, verbal e/ou psicológica intencionais e feitos de modo repetitivo. Só que antes tudo era encarado como “brincadeira” ou “coisa de adolescente que quer aparecer”. Seja porque virou moda, seja porque a conscientização bateu às portas das escolas, felizmente, hoje em dia o bullying está sendo combatido.

Leia matéria na integra
http://www.kzuka.com.br/especial/pr/kzukarj/19,528,2911430,Bullying-nao-tem-graca-.html

Pesquisa revela que 70% de estudantes já sofreram agressões

Comunicação Portal Social

Uma pesquisa nacional sobre o bullying – agressões físicas ou verbais recorrentes nas escolas – mostrou que cerca de 70% dos alunos do País já viram algum colega ser maltratado pelo menos uma vez na escola. O levantamento, feito pelo Centro de Empreendedorismo Social e Administração em Terceiro Setor (Ceats), ouviu 5.168 estudantes do ensino fundamental de todas as regiões do País, de escola públicas e particulares.

28% dos alunos afirmam já ter sofrido maus-tratos na escola. Entre as principais razões para a violência escolar estão a omissão da escola, influência de comportamentos familiares agressivos, busca por popularidade, status e a aceitação em um grupo.


Fonte: A Notícia

Pais de estudante terão de indenizar em R$ 8 mil vítima de bullying em MG

Os pais da vítima alegaram que procuraram a escola, mas não obtiveram "resultados satisfatórios"

Um estudante da 7ª série de um colégio particular de Belo Horizonte (MG) foi condenado a pagar uma indenização de R$ 8 mil pela prática de bullying — atos de violência psicológica e física, intencionais e repetidos — contra uma colega de sala.

Em decisão publicada hoje, o juiz Luiz Artur Rocha Hilário, da 27ª Vara Cível da capital mineira, julgou razoável o valor da indenização por danos morais e considerou comprovada a existência de bullying contra uma adolescente. A defesa dos pais do estudante informou que irá recorrer.

Na ação, a aluna do colégio Congregação de Santa Doroteia do Brasil relatou que, em pouco tempo de convivência escolar, o colega de sala passou a lhe colocar apelidos e fazer insinuações.

As "incursões inconvenientes", afirmou, passaram a ser mais frequentes com o passar do tempo. Os pais da menina alegaram que procuraram a escola, mas não obtiveram "resultados satisfatórios".

Além de indenização por danos morais, a estudante pediu a prestação, pela escola, de uma orientação pedagógica ao adolescente, o que foi negado pelo magistrado.

De acordo com o Tribunal de Justiça de Minas, os pais do adolescente afirmaram no processo que há uma "conotação exagerada e fantasiosa" sobre a relação existente entre os menores.

O casal classificou os episódios como brincadeiras entre adolescentes, que não poderiam ser confundidas com a prática do bullying. E afirmaram que o menor, após o ajuizamento da ação, também sofreu danos morais, passando a ser chamado de "réu" e "processado".

Atitudes inconvenientes

O juiz, porém, considerou comprovada a existência do bullying, ressaltando que a discussão envolvendo a prática é nova no âmbito judicial.

"O dano moral decorreu diretamente das atitudes inconvenientes do menor estudante, no intento de desprestigiar a estudante no ambiente colegial, com potencialidade de alcançar até mesmo o ambiente fora do colegial", afirmou na sentença.

"As brincadeiras de mau gosto do estudante, se assim podemos chamar, geraram problemas à colega e, consequentemente, seus pais devem ser responsabilizados, nos termos da lei civil.", completou.

O advogado Rogério Vieira Santiago, que representa os pais do adolescente, classificou a decisão como "absurda" e "fora da prova dos autos." Ele disse que a decisão não poderia ser divulgada pelo TJ mineiro e acredita que a responsabilidade por qualquer comportamento deveria ser atribuída ao colégio:

— Se por acaso algum comportamento ruim houve do menino, pior ainda é da escola privada, de classe alta. Se alguém fez, alguém permitiu.

Segundo Santiago é "muito simples eximir a escola":

— Os pais não ficam agarrados com os filhos o dia inteiro. Você entrega à escola. Ela é que tem o dever de zelar pela integridade física e moral dos meninos intramuros.

No processo, o representante do colégio declarou que todas as medidas consideradas pedagogicamente essenciais foram providenciadas.

Bullying é tema de evento nessa sexta-feira na capital

Alternativas para o problema devem ser discutidas por educadores e coordenadores de instituições de ensino

Atos de violência em escolas vêm sendo noticiados com frequência nos últimos meses. Para discutir alternativas para o problema, representantes, educadores e coordenadores de instituições sociais vão estar presentes no evento promovido pelo Mesa Brasil Sesc.

A atividade começa nessa sexta-feira na livraria Palavraria (Rua Vasco da Gama, 165), das 19h30 às 21h. E na próxima segunda o evento será realizado na Escola Factum (Largo João Amorim de Albuquerque, 60), a partir das 14h.

O Mesa Brasil Sesc é uma rede permanente que arrecada e distribui alimentos para entidades carentes e realiza cursos de formação nutricional para as entidades cadastradas. O evento conta com a parceria do Centro de Estudos Integrados em Psicoterapia Psicanalítica (Esipp), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), da Escola Factum e da livraria Palavraria. Outras informações pelo telefone (51) 3224-1268 ou pelo site.


ZEROHORA.COM

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Política de combate ao Bullying agora é Lei em Nova Hartz!

Nova Hartz - O prefeito Antonio Elson Rosa de Souza sancionou na tarde desta segunda-feira dia 17 de maio, na presença do Secretário de Educação Arlem Tasso, vereador Valentin Melo de Thomaz, a Lei N.º 1490 de 17 de Maio de 2010 - Que dispõe sobre o desenvolvimento da política "antibullying" por instituições de ensino e de educação infantil, públicas municipais ou privadas. O autor do Projeto vereador Valentin Melo de Thomaz - PT, afirma que a Lei tem como objetivo reduzir a prática de violência dentro e fora das escolas, melhorando o desempenho escolar e promovendo cidadania e respeito, além de realizar palestras e debates, criando ferramentas de combate a violência e divulgar informações sobre a prática do bullying.

Considera-se bullying qualquer prática de violência física ou psicológica, intencional e repetitiva, que ocorra sem motivação evidente, praticada contra uma ou mais pessoas. Conforme a nova lei, as instituições deverão manter histórico próprio das ocorrências de bullying em suas dependências devidamente atualizado. Os resultados alcançados deverão ser enviados periodicamente à Secretaria Municipal de Educação.

Para melhor entender o que constituem práticas de bulling:
- Ameaças e agressões físicas;
- Submissão do outro pela força à condição humilhante, furto, roubo, vandalismo e destruição proposital de bens alheios;
- Extorsão e obtenção forçada de favores sexuais, insultos ou atribuição de apelidos vergonhosos ou humilhantes;
- Comentários racistas, homofóbicos ou intolerantes quanto às diferenças econômico-sociais, físicas, culturais, políticas, morais, religiosas, entre outras;
- Exclusão ou isolamento proposital de pessoas, pela fofoca e disseminação de boatos ou de informações que deponham contra a honra e a boa imagem dessas.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

ARTIGOS - Combate ao bullying, por Adroaldo Loureiro*

A morte do jovem Matheus, na semana passada em Porto Alegre, desvenda como tragédia um problema que cresce silencioso na sociedade gaúcha e brasileira, especialmente no sagrado ambiente escolar. As práticas repetidas de agressões entre crianças e jovens, denominadas bullying, são materializadas através da violência em ataques reais e virtuais, resultam em sofrimento físico, problemas psicológicos, afastamento da escola, depressão e até suicídio.

O tema vem sendo debatido pelas escolas e entidades educacionais, tanto públicas quanto privadas. Levanta-se o questionamento quanto à responsabilidade pelo enfrentamento da prática nefasta, se das escolas, da família ou da sociedade. Especialistas apontam para as consequências da desestruturação familiar, com pais omissos gerando crianças e adolescentes vítimas ou, então, pais que estimulam a agressividade e, assim, educam para a agressão. Pesquisas revelam que muitos dos agressores na prática do bullying atacam para não serem atacados, agridem para não se tornarem a próxima vítima.

Estudos e pesquisas em escolas públicas de Porto Alegre apontam para o círculo de agressividade e vitimização envolvendo praticamente a metade dos alunos com a prática do bullying, motivados em sua maioria pela conceituação da moralidade sexual. Pré-adolescentes e adolescentes, estimulados pela mídia através de programas em tempo real, repetem as fórmulas preconceituosas e agressivas especialmente contra os homossexuais, contra os que são diferentes. Foi o caso de Matheus, a vítima, perseguido na escola por ser alto e gordo e, talvez, por ter reagido às agressões que sofria.

A espiral de violência que permeia a nossa sociedade está materializada na prática do bullying. Como agente público, tenho o compromisso de criar mecanismos para disciplinar esse comportamento que causa tantos danos à sociedade, especialmente no ambiente mais sagrado para nós, que é a escola. Projeto de lei 264, que tramita desde 2009 na Assembleia Legislativa, define uma política antibullying nas escolas do Rio Grande do Sul. É o instrumento de que disponho para contribuir com a sociedade gaúcha.

*Deputado (PDT

Para combater o bullyng

Os guardas municipais que fazem parte da ronda escolar receberam treinamento sobre bullyng. A intenção da Secretaria Municipal de Segurança Pública e Cidadania é orientar os agentes para perceber e para lidar com a situação de violência moral.

De acordo com o diretor de Prevenção à Violência nas Escolas, Atahualpa Coelho, é muito importante ouvir os especialistas que vivenciam o tema diariamente.

- Além de guardas eles são pais de família, mais um motivo que torna o debate bastante enriquecedor - comentou.

Na sexta-feira, a professora da rede municipal de ensino e especialista em bullying, Silvana Trevisol (foto), foi até o Centro Integrado de Segurança palestrar para os guardas. Há 20 anos trabalhando no ensino, Silvana destacou que é preciso saber diferenciar o que é uma brincadeira de uma atitude que afeta a autoestima do estudante.

- Nosso papel, enquanto educador é frear o agressor e não repudiá-lo. Temos que trabalhar este aluno para que não se torne um adulto que pratique bullying no trabalho ou chegue a consequências mais graves - observou.

A especialista desenvolve o trabalho de mediação na Escola Municipal Arthur Pereira de Vargas, em parceria com a diretora Ivone Kaspary Muzykant, desde 2008. Nestes dois anos, os casos de bullying foram combatidos assim que denunciados pelas vítimas ou percebido pelos docentes, fazendo com que os índices reduzissem significativamente.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

"Temos que traçar medidas para ontem", diz autor da lei de combate ao bullying

Zacher salienta que os professores estão desamparados para lidar com o assunto e que as escolas não sabem como agir

O autor da lei que cria política de combate ao bullying, vereador Mauro Zacher (PDT), falou hoje no Gaúcha Atualidade sobre a prática nas escolas, remetendo ao estudante Matheus Avragov Dalvit, 15 anos, assassinado ontem em Porto Alegre.

— Talvez o menino não tenha sido escutado — afirmou, indicando que muitas vezes as escolas não entendem como violência.

Zacher salienta que os professores estão desamparados para lidar com o assunto e que as escolas não sabem como agir. Para o vereador, são necessárias medidas drásticas, chamando a participação mais ativa dos pais e envolvendo Conselho Tutelar e Brigada Militar. Ele defende que o uso de uma medida punitiva pode transformar a vítima em mais vítima.

— A violência é invisível — comenta, uma vez que acontece fora das escolas.

Zacher ressalta que as instituições devem monitorar e criar mecanismos de queixa, como a colocação de urnas nas escolas.

“Espero que a sociedade acorde, é preciso decisão”, diz o tio de estudante assassinado

Estudante de 15 anos que era alvo de gozações acabou morto por garoto de 14 anos depois de ter reagido aos xingamentos

Tio da vítima, o militar da reserva Vladimir Avragov, 48 anos, ontem à noite ainda tentava entender como seu sobrinho acabou morto. Durante o velório do adolescente, concedeu por telefone a seguinte entrevista a Zero Hora:

Zero Hora – O Matheus enfrentava o bullying havia muito tempo?

Vladimir Avragov – Ele tinha dificuldade de relacionamento na escola, com amigos. Não com todos, mas alguns não admitiam ele ter 15 anos e a minha altura, quase 1m84cm, ser grande ou ter alguma outra dificuldade que enfrentava. Depois disso, teve acompanhamento psicológico para conseguir entender essa rejeição social e de que forma isso acontece. Eu tenho filho de oito anos e rezo para que não venha a passar por situação dessas como o Matheus, que a gente sabe que era uma criança do bem, teve eixo familiar e acaba sendo vítima do mal.

ZH – Ele sofria muito com os comentários dos colegas?

Avragov – Pois é, eu quero até voltar à escola, tentar entender um pouco isso. A gente fica com essa dúvida, do porquê disso. Tem muita coisa que a gente não consegue responder. De qualquer forma, se tem esse garoto que se apresentou, já é alguma coisa. Mas a família está muito abalada. Espero que a sociedade acorde, é preciso tomar uma decisão. Mas não somos nós, é a sociedade, porque, estatisticamente, alguém vai ser vítima de novo e todos vão esquecer do caso do Matheus. Tem de dar um basta. Os adolescentes estão tendo acesso a armas, tomando decisões imaturas, e vidas estão sendo perdidas.

ZH – O senhor acha que as escolas deveriam estar melhor preparadas?

Avragov – Olha, acho que as escolas não estão preparadas. Tive meu filho em uma escola particular, no ano passado, e não soube gerenciar um pequeno problema de adaptação dele ao mudar de turma. Tive de tirá-lo porque não estavam preparados. Esses casos devem acordar a sociedade.


ZERO HORA
Marcelo Gonzatto e Renato Gava marcelo.gonzatto@zerohora.com.br, renato.gava@diariogaucho.com.br

Mãe de estudante morto na Capital diz que filho era vítima de bullying

Matheus Avragov Dalvit, 15 anos, foi assassinado com tiro nas costas

A mãe do estudante morto à noite passada ao sair de ônibus na zona norte de Porto Alegre afirma que o filho era vítima de bullying há dois anos. Tatiana Avragov garante ter comunicado a Escola Municipal Antônio Giúdice sobre supostas ameaças.

— Meu filho era ingênuo, não tinha maldade nenhuma no coração. Ele vinha pedindo para sair de lá, falava: "mãe, eles não me deixam estudar, ficam me xingando de gordo". Várias vezes falei com a direção da escola, mas nada foi feito — relembra.

Tatiana conta que Matheus Avragov, 15 anos, cursava a 6ª série do Ensino Fundamental e estava ansioso para completar 16 anos e começar a trabalhar.

— O sonho dele era poder me ajudar em casa, já que cuido dos filhos sozinha. Ele queria demais terminar os estudos e arrumar um serviço — afirma.

Matheus tinha uma irmã de 21 anos e um irmão de 13. Ele será velado no Memorial da Colina, em Cachoeirinha. O enterro deve ocorrer no fim da tarde. A polícia investiga as hipóteses de latrocínio e execução.

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Estudante é morto ao sair de ônibus na zona norte de Porto Alegre

Família da vítima diz que jovem era ameaçado por colegas de aula

O estudante Matheus Avragov Dalvit, 15 anos, foi morto no fim da noite passada com um tiro no tórax ao sair de um ônibus na zona norte da Capital. Segundo a polícia, a vítima desceu correndo do coletivo e, ferido, ainda pediu ajuda ao dono de um bar, na Rua Anselmo Manzoli Filho, Vila Farrapos.

Revoltados, familiares da vítima afirmaram à Brigada Militar que o jovem era ameaçado por colegas de aula e sofria preconceito por ser gordo. Matheus não tinha antecedentes criminais.

O caso será investigado pela Delegacia de Homicídios de Porto Alegre. A polícia não descarta a hipótese de o estudante ter sido vítima de tentativa de assalto.

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terça-feira, 11 de maio de 2010

O que é bullying escolar?

Bullying é um termo utilizado na literatura psicológica anglo-saxônica, para designar comportamentos agressivos e anti-sociais, nos estudos sobre o problema da violência escolar.

Universalmente, o bullying é conceituado como sendo um “conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetitivas, que ocorrem sem motivação evidente, adotadas por um ou mais alunos contra outro(s), causando dor, angústia e sofrimento, e executadas dentro de uma relação desigual de poder, tornando possível a intimidação da vítima”.

Ridicularizações, intimidações, apelidos pejorativos, ameaças, perseguições, difamações, humilhações, são algumas das condutas empregadas por autores de bullying.

Como saber se seu filho(a) é vítima de bullying?
1. Apresenta, com freqüência, desculpas para faltar às aulas ou indisposições, como dores de cabeça, de estômago, diarréia, vômitos, antecedendo o horário de ir à escola?;
2. Pede para mudar de sala ou de escola, sem apresentar motivos convincentes?;
3. Apresenta desmotivação com os estudos, queda do rendimento escolar ou dificuldades de concentração e de aprendizagem?
4. Regressa da escola irritado ou triste, machucado, com as roupas ou materiais escolares sujos ou danificados?;
5. Apresenta freqüentemente aspecto contrariado, deprimido, aflito ou tem medo de voltar sozinho da escola?;
6. Possui dificuldades de relacionar-se com os colegas, de fazer amizades?
7. Vive isolado em seu mundo, sem querer contato com outras pessoas, senão os familiares?

O que fazer se o seu filho é a vítima?
1. Observe qualquer mudança no comportamento, por mais insignificante que lhe pareça;
2. Estimule para que fale sobre o seu dia a dia na escola, ouvindo atentamente, sem críticas ou julgamentos;
3. Lembre-se: o diálogo não se dá apenas por perguntas e respostas, mas é preciso criar um espaço emocional onde haja aceitação, para que se exponha com segurança. não culpe a criança pela vitimização sofrida;
4. Transforme o seu lar num local de refúgio e segurança, através da manifestação de afeto e apoio incondicional;
5. Ajude a criança a expressar-se com segurança e confiança, evitando orientá-la ao revide;
6. Valorize os aspectos positivos da criança e converse sobre suas dificuldades pessoais e escolares. fazendo assim, estará fortalecendo a sua auto-estima e sua resistência imunológica;
7. Procure ajuda psicológica e de profissionais especializados no assunto, quando perceber que a situação é mais séria e está gerando sintomas freqüentes ou reações emocionais indesejáveis;
8. Não ignore a vitimização, acreditando que “isso faz parte do aprendizado”, ou que “ajudará a superar as adversidades da vida”. é necessário que haja intervenção promotora da educação para a paz;
9. Lembre-se: as conseqüências da vitimização podem ultrapassar o período acadêmico e comprometer a vida familiar, profissional e social, além da saúde emocional.

Como descobrir se seu filho pratica bullying?
1. Apresenta distanciamento e falta de adaptação aos objetivos escolares?
2. Regressa da escola com ar de superioridade, exteriorizando ou tentando impor sua autoridade sobre alguém?;
3. Apresenta aspecto e/ou atitudes irritadiças, mostrando-se intolerante frente a qualquer situação ou aos diferentes aspectos das pessoas?
4. Costuma resolver seus problemas, valendo-se da sua força física e/ou psicológica?
5. Apresenta atitude hostil, desafiante e agressiva com os irmãos e pais, podendo chegar a ponto de atemorizá-los sem levar em conta a idade ou a diferença de força física?;
6. Porta objetos ou dinheiro sem justificar sua origem?;
7. Apresenta habilidades em sair-se de “situações difíceis”?

O que fazer se seu filho pratica bullying?
Se o seu filho(a) pratica Bullying, sugerimos os seguintes procedimentos
1. Observe atentamente o comportamento e os sentimentos expressos pela criança, sem críticas ou preprovocações (reforçá-lo criticamente);
2. Mantenha tranquilidade e calma. converse objetivando encontrar os motivos pelos age (que o leva a agir) dessa maneira;
3. Reflita sobre o modelo educativo que você está oferecendo ao seu filho(a). sem dúvida, o uso da violência e das explosões emocionais para se fazer obedecido, além do excesso ou falta de limites, podem estar colaborando para que esses tipos de comportamentos sejam introjetados e reproduzidos contra outros; (o que aprende ou sofre em casa);
4. Evite bater ou aplicar castigos demasiadamente severos. isso só poderá promover raiva e ressentimentos, além de raiva. procure profissionais que possam auxiliá-lo a lidar com esse tipo de comportamento.

O que a escola pode fazer para previnir o bullying?
1. Conscientizar toda a comunidade educativa sobre o bullying;
2. Proporcionar atividades que trabalhem os sentimentos dos alunos, visando o resgate da saúde emocional;
3. Desenvolver atividades solidárias, esportivas, culturais, manuais, visando a canalizar a agressividade para ações pro-ativas;
4. Ensinar os alunos a conviver e respeitar as diferenças;
5. Desenvolver a educação em valores humanos como a tolerância e a solidariedade, caminhos da paz.

Quais são os critérios para identificar o bullying?
Ações repetitivas contra mesma vítima, num período prolongado de tempo; desequilíbrio de poder, o que dificulta a defesa da vítima; ausência de motivos que justifiquem os ataques; além de uma série de sentimentos negativos mobilizados e seqüelas emocionais, resultantes para aqueles que são vitimados.

Quais são as formas de maus-tratos utilizadas por praticantes de bullying?
As formas de maus-tratos são: físico (bater, chutar, beliscar); verbal (apelidar, xingar, zoar); moral (difamar, caluniar, discriminar); sexual (abusar, assediar, insinuar); psicológico (intimidar, ameaçar, perseguir); material (furtar, roubar, destroçar pertences); e virtual (zoar, discriminar, difamar, através da Internet e celular).

segunda-feira, 10 de maio de 2010

O DRAMA DO BULLYING

Quando ir à escola é um pesadelo

Há pouco mais de uma semana, as constantes provocações de colegas deixaram à beira da morte uma estudante de 14 anos da Capital. Motivo de comentários depreciativos devido ao formato levemente arredondado de seu nariz, às roupas simples e ao jeito tímido, a aluna tomou uma dose excessiva de antidepressivos. O drama ilustra a dificuldade revelada por famílias, professores e escolas para debelar o bullying, fenômeno que pode resultar em traumas duradouros e até provocar alterações na personalidade.

Como pais, professores e colegas devem agir para prevenir ou abreviar o sofrimento de crianças e adolescentes que enfrentam a intimidação e a violência de outros estudantes

O pesadelo diário de M. (Zero Hora omite o nome para preservar a adolescente) começou há pouco mais de um ano em uma escola pública da região central da cidade. Teve início com um comentário sobre seu nariz, depois um riso debochado sobre o tênis furado, e em pouco tempo a menina tímida mas feliz virou presa de um grupo de colegas sedentos de humilhação pública. As risadas, os dedos apontados e as caricaturas em folhas de caderno viraram rotina.

– Chegou a palhaça da escola – dizia um.

– Nariz de batata – completava outro, e todos riam.

No canto da sala, encolhida, a aluna da 6ª série do Ensino Fundamental sofria quieta. Em casa, queixou-se para a mãe. A exemplo do que ocorre em muitos casos de bullying (violência sistemática e intencional praticada contra um estudante), de início ouviu que não deveria se importar com os colegas.

Quando a mãe percebeu que a garota demonstrava sinais de depressão e revolta, meses depois, procurou a direção do estabelecimento. A resposta foi de que se tratava de “coisa de adolescente”, e nenhuma providência eficaz foi tomada – outro traço comum a muitos casos graves de bullying.

“Mãe, a mana disse que não vai mais viver”

Este ano, o equilíbrio psicológico da menina ruiu diante das chacotas intermináveis. Passou a implorar para a família por uma cirurgia plástica no rosto. Dormia com um prendedor de roupas apertado na ponta do nariz, em uma ilusão juvenil de que poderia remoldar suas feições e, enfim, ter paz.

Abateu-se a ponto de ser necessária uma internação em uma clínica, por depressão grave, durante quase um mês. Quando teve alta e voltou à escola, acreditou que seria poupada. Mas os agressores não tiveram piedade. Quinta-feira da semana passada, a mãe recebeu um telefonema da filha de 13 anos, irmã de M.:

– Mãe, a mana disse que não vai mais viver.

Sem conseguir fazer os colegas engolirem as ofensas, engoliu ela punhados do antidepressivo que vinha tomando sob prescrição médica. Quando chegou em casa, a mãe encontrou M. caída, e o frasco de remédio, vazio. Em uma carta, a estudante havia escrito: “Sofro muito porque sou humilhada e envergonhada pelos meus colegas com insinuações, desenhos maldosos e xingamentos por ter o meu nariz grande. Eu sofro de depressão, já fui internada por causa disso, não tenho vontade de estudar (...)”.

28% dos alunos de 5ª a 8ª já sofreram maus-tratos

Ficou três dias no Hospital de Pronto Socorro sob risco de morrer e teve alta domingo passado. Resume aos prantos os motivos que a fizeram sucumbir ao desespero:

– Começava a desenhar no meu cantinho, para ver se me deixavam em paz. Aí eles diziam que eu desenhava igual a um menino. Então abria o livro e tentava estudar, mas aí ficavam brabos e diziam que eu queria aparecer para a professora. Não sei por que não gostavam de mim.

A solução foi deixar a escola e a Capital. Na quarta-feira, M. retomou os estudos em uma cidade do Interior. Conforme uma pesquisa da ONG Plan Brasil, realizada em escolas públicas e particulares, cerca de 28% dos estudantes de 5ª a 8ª série já sofreram maus-tratos. O casos de violência frequente atingem 12,5% dos meninos e 7,6% das meninas.

Embora a conscientização sobre os efeitos nocivos do bullying esteja aumentando, a tolerância de pais, educadores e alunos que testemunham agressões ainda dificulta a erradicação desse fenômeno. Uma das principais autoridades internacionais no assunto, a portuguesa Ana Tomás Almeida afirma que há um componente cultural a ser vencido.

– Basta dar o exemplo muito conhecido de alcunhas com que as crianças gozam umas com as outras, ou a forma como excluem das brincadeiras as mais frágeis, imaturas ou diferentes. Em alguns grupos culturais, esses comportamentos são olhados com muita condescendência e vistos como brincadeiras – afirma a professora do Instituto de Estudos da Criança da Universidade do Minho, em Braga, Portugal.

Para estudantes como a adolescente de Porto Alegre que o bullying quase condenou à morte, a brincadeira não tem graça.

Fonte de pesquisa: Zero Hora - Edição N° 16330 - 09 de maio de 2010


Texto: MARCELO GONZATTO

Educação para a paz:

estratégia de prevenção contra o comportamento bullying

Atualmente, um dos temas que mais desperta a atenção dos educadores em todo o mundo, é, sem dúvida, o da violência escolar. Entretanto, quando falamos em violência escolar imaginamos uma gama de situações, onde alunos discutem, brigam, amontoam-se, ferem-se e, logo, algum adulto interfere “para separar os briguentos”; ou imaginamos situações onde “gangues” compostas por “alunos” ou “ex-alunos-problemas”, munidos de armas ou drogas, invadem a escola, depredam o patrimônio ou deixam rastros de sangue.

Cleo Fante*