sexta-feira, 28 de maio de 2010

“Filhote de Cruz credo”

História quase autobiográfica de Fabrício Carpinejar que conta sobre os tormentos de uma criança que sofria preconceitos dentro e fora da escola devido a sua aparência.


O espetáculo teatral infantil “Filhote de Cruz credo” é inspirado no livro de Fabrício Carpinejar, “FILHOTE DE CRUZ-CREDO: A TRISTE HISTORIA ALEGRE DE MEUS APELIDOS” , lançado em 2006 pela editora Girafinha.
Além do livro, Bob Bahlis adaptou outros textos de Fabrício, em que o poeta lembra da infância.

O espetáculo infantil “Filhote de cruz credo” mostra à prática do Bullying, dentro e fora da escola, e retrata a infância do escritor e poeta Fabrício Carpinejar.
Esta peça nos faz conhecer um pouco mais sobre o bullying, uma prática quase invisível aos olhos dos adultos, pois quando praticado pelas crianças é às escondidas.

Assim como no livro, a peça mostra a história quase autobiográfica de Fabrício Carpinejar e de tantas outras pessoas, que quando criança, tiveram vergonha de um apelido.

“Ser feio é quase uma profissão. Qualquer um recebe apelidos. O feio recebe uma porção deles. Poderia vir ao mundo sem nome que não sentiria falta. É um desperdício dar nome a um feio como eu. Não vai ser chamado desse jeito mesmo.”

Para evitar chacotas, Fabrício preferia ficar desenhando sozinho durante o recreio na sala de aula.
Essa implicância comum entre as crianças é narrada com humor, sem, no entanto maquiar a angústia que ela causa.

“Um dia, o chuveiro estragou, enfrentei o banho frio e o vidro do espelho não ficou embaçado. Tinha sete anos. Observei pela primeira vez, com calma, minha cara no espelho e tomei um susto: Vixe! Não vai dizer que esse sou eu!”
O ator Gutto Szuster vive Fabrício, personagem principal do espetáculo. No elenco, Laura Medina, Daniele Fogliatto, Marcelo Naz e Rafaela Cassol.

No final, o personagem consegue reagir de modo surpreendente e, sem precisar brigar com ninguém, consegue o respeito dos colegas além de namorar a menina mais bonita da escola.

“Alice Foi minha primeira namorada. Beijei seus lábios com gosto do Nescau que levava na térmica. Sua boca quente como o leite. Meus olhos verdes passearam de olhos dados com ela. Hoje me acho bonito do meu jeito, bem feio.”

É um espetáculo infantil com uma pitada de humor negro, combinado com uma estética dark. Os figurinos são de Rô Cortinhas.

Partindo da idéia que a infância às vezes pode ser muito triste, principalmente pra quem é perseguido por um colega, ou uma turma, o espetáculo traz uma atmosfera gótica, com imagens sombrias. No cenário, espelhos quebrados colados em três cubos e num quadro central. De tão feio, o menino quebrava os espelhos....

A peça aborda o “Bullying”, um termo inglês utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo, ou um grupo de indivíduos(a turminha lá da escola).
O objetivo? intimidar outro indivíduo ( O Fabrício), incapaz de se defender.
O bullying escolar na infância é uma prática observada em várias culturas.


“Na aula debochavam de mim, que o médico trocou o feto pela placenta. Eu não sabia o que era placenta e começava a rir. Hoje sei o que é placenta e começo a chorar:A placenta é um órgão da barriga da mãe que faz a criança se comunicar com ela e é jogado fora depois do parto. O feto é a criança. Afirmavam que eu era o lixo.”

No plano estético, tem-se a temática expressionista, fantástica, sobrenatural; fumaça; preto x branco / luz x sombra; surrealismo; terror cômico; humor irreverente; heróis problemáticos, estranhos e incompreendidos ...

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