quinta-feira, 13 de maio de 2010

“Espero que a sociedade acorde, é preciso decisão”, diz o tio de estudante assassinado

Estudante de 15 anos que era alvo de gozações acabou morto por garoto de 14 anos depois de ter reagido aos xingamentos

Tio da vítima, o militar da reserva Vladimir Avragov, 48 anos, ontem à noite ainda tentava entender como seu sobrinho acabou morto. Durante o velório do adolescente, concedeu por telefone a seguinte entrevista a Zero Hora:

Zero Hora – O Matheus enfrentava o bullying havia muito tempo?

Vladimir Avragov – Ele tinha dificuldade de relacionamento na escola, com amigos. Não com todos, mas alguns não admitiam ele ter 15 anos e a minha altura, quase 1m84cm, ser grande ou ter alguma outra dificuldade que enfrentava. Depois disso, teve acompanhamento psicológico para conseguir entender essa rejeição social e de que forma isso acontece. Eu tenho filho de oito anos e rezo para que não venha a passar por situação dessas como o Matheus, que a gente sabe que era uma criança do bem, teve eixo familiar e acaba sendo vítima do mal.

ZH – Ele sofria muito com os comentários dos colegas?

Avragov – Pois é, eu quero até voltar à escola, tentar entender um pouco isso. A gente fica com essa dúvida, do porquê disso. Tem muita coisa que a gente não consegue responder. De qualquer forma, se tem esse garoto que se apresentou, já é alguma coisa. Mas a família está muito abalada. Espero que a sociedade acorde, é preciso tomar uma decisão. Mas não somos nós, é a sociedade, porque, estatisticamente, alguém vai ser vítima de novo e todos vão esquecer do caso do Matheus. Tem de dar um basta. Os adolescentes estão tendo acesso a armas, tomando decisões imaturas, e vidas estão sendo perdidas.

ZH – O senhor acha que as escolas deveriam estar melhor preparadas?

Avragov – Olha, acho que as escolas não estão preparadas. Tive meu filho em uma escola particular, no ano passado, e não soube gerenciar um pequeno problema de adaptação dele ao mudar de turma. Tive de tirá-lo porque não estavam preparados. Esses casos devem acordar a sociedade.


ZERO HORA
Marcelo Gonzatto e Renato Gava marcelo.gonzatto@zerohora.com.br, renato.gava@diariogaucho.com.br

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